quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Todo dia é dia de feira.

Dia de feira. Em Buíque, como em muitas outras cidades do interior, é um dia muito importante. Aqui a feira principal acontece aos sábados, que por ironia é justamente o único dia, além do domingo é claro, que não tem “feira” no nome, entenderam? Feira! KKKKK... Como eu sei que essa não será a única piada sem graça deste texto, vamos ao que interessa. Antigamente a feira ocupava algumas ruas do centro da cidade, o que com o passar do tempo tornou-se insuportável, mas em fim um administrador público fez seu papel e criou o pátio da feira com um espaço bem mais apropriado. Isso melhorou bastante a circulação de pessoas e carros. O problema agora é que se faz necessário novas mudanças, pois já faz um bocado de tempo que “todo sábado é assim”:




         Eu avisei que haveria mais piadas, mas reconheço que exagerei, desculpa ai o trecho da música de José Augusto, não consegui resistir. Pois bem, as ruas que antes eram o pátio da feira, viraram a cada sábado o pátio dos carros, muitos carros e motos... e carroças de burro... e cavalos, jumentos, caminhões, etc. e apesar de haver quatro ruas importantes ligando a parte leste a oeste e a norte, é um caos trafegar pelo centro da cidade aos sábados. O interessante nesta situação é que essa desordem não se deve unicamente ao crescente número de veículos, mas principalmente a falta de sinalização, fiscalização e também educação, em meio a isso se locomover nessas circunstâncias se torna uma aventura estressante e algumas vezes perigosa, pois nunca se sabe quando um carro ou uma motocicleta vai atravessar pela contra mão, ou quando um pedestre vai surgir na frente do seu veículo ou mesmo quando ao retornar ao seu carro com as mãos cheias de sacolas, você percebe que um outro automóvel estacionou atrás do seu, bloqueando sua saída, e o pior é que quando, depois de um bom tempo, se localiza o proprietário do mesmo você ainda tem o desprazer de ouvi-lo dizer com a maior cara de pau: “Só um minuto visse.”



         Todos sabem qual a importância desse trinômio citado no parágrafo anterior (sinalização, fiscalização e educação), a falta de um deles no que diz respeito ao trânsito já causa transtornos dos mais variados, nossa capital que o diga, educação no trânsito lá é artigo raro, só que aqui faltam os três. Claro que eu não sou tão ingênuo para comparar Buíque com Recife, mas para os que ainda não perceberam nossa cidade está crescendo, a população já passa dos 51.000 habitantes, com isso somos a cidade mais populosa das regiões do vale do Ipanema e sertão do Moxotó depois de Arcoverde (68.000 hab. Aproximadamente), além disso as atividades produtivas têm se desenvolvido bastante aqui, a bacia leiteira do município que o diga, até o nosso comércio está se expandindo e se diversificando, sem contar na valorização imobiliária, novos loteamentos surgiram e estão sendo ocupados em ritmo acelerado, quem comprou terrenos a alguns anos atrás, agora esta feliz da vida com a valorização vertiginosa dos preços dos imóveis, com isso as vendas de material de construção também cresceram e assim, de um jeito ou de outro, isso se reflete nos demais setores produtivos. Ainda somos muito dependentes da administração publica, principal geradora de empregos, mas ao olhar para o futuro, essa importância tende a diminuir.

Em meio a tudo isso nosso trânsito esta cada vez mais uma bagunça. E já podemos perceber que a feira não está mais sendo somente aos sábados, cada vez mais os outros dias da semana estão ficando com cara de sábado e o que antes ocorria uma vez por semana, agora esta ocorrendo durante praticamente a semana toda. Qual a tendência para o futuro? Acho que cada um pode imaginar. Assim, fica a pergunta: o que se pode fazer para evitar esse futuro caótico? Neste caso precisamos implantar no nosso município o trinômio: Sinalização, fiscalização e educação, e antes que alguém pense nos custos, não vejo muitos, alguns dias de planejamento, algumas placas de transito, algum esforço para que se tenha polícia de trânsito permanente, pessoal para trabalho educativo, etc. Mesmo assim, com todos esses “enormes gastos” eu acredito que é possível haver ordem em nosso caminho para a feira.  

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Adam Smith e as caixas d’água abertas


Eu sei, é um título estranho para uma crônica, mas pareceu-me interessante. Para os que não sabem, esse Adam citado no título é o escocês, considerado o “pai” da ciência econômica. Ele formulou a mais de duzentos anos atrás uma série de ideias que até hoje influenciam profundamente a maneira como jantamos. Reza a lenda que ele proferiu a seguinte frase: “Não é da benevolência do padeiro ou do açougueiro que temos todos os dias o nosso jantar, mas da busca deles pelos seus próprios interesses.” Ou seja, cada indivíduo buscando seu interesse egoísta (lucro, poder, afeto, refeição, etc.) acabaria contribuindo para o bem dos outros indivíduos na sociedade. Não se faz necessário a presença de nenhuma pessoa ou instituição dizendo quem deve vender carne, quem deverá produzir pães, muito menos quanto deverá ser produzido, os indivíduos na busca de lucro fornecerão tais bens para os outros, que na busca de satisfazer suas necessidades, ofertarão seu trabalho em busca de um salário que por sua vez possibilitará a aquisição de tais bens.

         Assim, o interesse egoísta promove o bem comum.

Telhados de Buíque e suas caixas azuis.

         Agora vamos acrescentar as caixas d’água na história. Um dia desses observei o telhado de meus vizinhos, eu também acho uma falta do que fazer, mas todos passamos por aqueles dias que não dá vontade de fazer nada útil. Pois bem, em quase todos os telhados pude observar aquelas simpáticas caixas d’água azuis devidamente tampadas, quase todas tendo em vista que uma casa vizinha utilizava uma caixa de concreto onde o maior problema não era a aparência, mas sim o fato de ela não ter uma tampa. Com isso me perguntei: Como ainda pode existir alguém que vê aquelas inúmeras campanhas de combate a dengue e faça isso? Se não tivessem televisão, visto que têm, pois vi perfeitamente a antena parabólica no telhado, ainda assim não justificaria a displicência, será que não sabem que só dá certo se todos fizerem a sua parte? Que embora se toda uma comunidade colaborar basta um único individuo fazer uma coisa dessas para a doença atingir a todos.

Basta um fazer a coisa errada...
         
        Sinceramente eu creio que tais pessoas têm a informação, são tantos os meios de comunicação que não posso imaginar que eles não saibam que caixa aberta contribui para a dengue. Assim, creio que o egoísmo, que antes garantia milagrosamente o nosso jantar, parece agora que o mesmo egoísmo está garantindo a perpetuação ano após ano dessa velha doença. Qual outro motivo haveria? Estou aberto a sugestões, mas creio que uma tampa não seja tão cara que a inviabilize, caso alguém esteja pensando que a condição financeira, que poderá impedir a aquisição de uma dessas caixas azuis citadas, possa impedir que a pessoa consiga uma tampa adequada para a caixa d’água.

         Espero que isso contribua para que todos reflitam um pouco sobre o quanto o nosso egoísmo pode estar fazendo mal aos outros e a nós mesmos.