O “Chaleira” de hoje pode ser o “chaleirado” de amanhã. Assim, como o bajulado de hoje pode ser o bajulador de amanhã. Isso acontece muito na política, principalmente devido a uma coisa linda chamada “alternância de poder”. O interessante é que os políticos parecem esquecer isso, pelo menos até a próxima eleição. Mas, eu não estou falando somente de políticos beijando bunda de menino sujo na campanha eleitoral e esquecendo o povo após a eleição, estou falando também dos que assumem o poder junto com os eleitos. Quem já tentou falar com algum secretário, sendo você uma pessoa comum, e teve uma experiência ruim? Quantos deles foram corteses? Quantos te deixaram horas a fio esperando para no final não ser atendido? Com isso eu me pergunto será que são chamados de servidores públicos atoa? Ou será que eles pensam que nós é que servimos a eles? Temos que colocar uma coisa em mente, o povo é o patrão do prefeito e de seus secretários, não o contrário e a pessoa que hoje está no poder, amanhã pode não estar. O problema é que o próprio povo esquece disso, principalmente quando vende seu voto. Está ai uma questão delicada. Pra mim é simples, quem vendeu o voto não tem direito de reclamar nada depois, por isso que é importante votar consciente, pois assim ninguém vai ficar se sentindo como se os nosso governantes fossem os nosso patrões.
No entanto, se eles não são nosso patrões, o que são? A melhor definição que eu achei, no que diz respeito aos prefeitos foi: “Representante do povo na busca por melhoria do município, oferecendo boa qualidade de vida aos habitantes.” Para realizar esta difícil tarefa é concedido ao prefeito certos poderes, principalmente sobre o patrimônio público. E o interessante nisso é que o povo parece que só enxerga a segunda parte, os poderes que ele têm, e não a sua obrigação. Um ponto recorrente é a questão do bem público. Não é privilégio somente nosso, mas tem-se uma falsa idéia que bem público é bem sem dono, sendo assim, pode-se usar de acordo com interesses privados. Errado, o patrimônio público é de todos e deve ser utilizado somente para o bem comum. Agora tem o outro lado da moeda, outro costumezinho infeliz que se tem é o de achar que os governantes têm a obrigação de utilizar do patrimônio publico em favor de terceiros:
“Eu ajudei fulano na campanha e ele tem que conseguir um contrato pra meu filho... Passei a eleição toda carregando eleitor e agora o prefeito tem que agregar meu carro... etc.”
A prefeitura dispõe de recursos escassos e deve administrá-los com eficácia e eficiência. Assim, os atos do poder público devem ser direcionados para o bem comum, não para o bem de fulano ou sicrano, etc. Vou dar um exemplo: É comum a contratação de funcionários em pagamento a algum favor, eu não estou acusando ninguém, não tenho interesse nisso e também não disponho de provas, mas é de conhecimento de todos que no geral isso acontece. Além disso, esses “contratados” geralmente são subutilizados, isso é quando são utilizados para desempenhar verdadeiramente um função, na maioria dos casos nem função específica têm, e ainda por cima impedem, de certo modo, que pessoas mais capacitadas sejam contratadas por meio de concurso público, o que querendo ou não é mais justo do que indicação pessoal. Pois bem, imaginemos que existam vinte pessoas contratadas numa determinada prefeitura que estejam nessa situação, se cada uma delas ganhar um salário mínimo isso dá R$ 10.900,00 em um mês, em dez meses de contrato teríamos R$ 109.000,00. O que daria para fazer com esse dinheiro? Somente como exemplo e ignorando outros custos como treinamento de pessoal e que o preço ao adquirir em pequenas quantidades deve ser maior, um bem que poderia ser utilizado por um bom número de pessoas e que têm muita utilidade seria uma Ambulância. Não essas que existem aqui no município, que com toda sinceridade fazem o trabalho de quebra galho, mas uma Ambulância tipo a do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), e o incrível é que elas custam mais ou menos esse valor! Assim, o que é preferível para o bem comum, 20 contratados subutilizados ou uma Ambulância completa? Este foi somente um exemplo, creio que sem pensar muito poderíamos achar boas alternativas para esses R$ 109 mil.
Em resumo, interesses privados não combinam com bom gasto público, ou seja, um gasto que alcance o objetivo ao menor custo de recursos possível. E além disso, é bom sempre tratar bem os outros, pois nunca sabemos onde estaremos amanhã.